O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chega nesta sexta-feira, 8, à reunião do G20, em Nova Déli, na Índia, sem a mesma influência de governos anteriores, afirmam analistas. O Brasil receberá do país anfitrião a presidência do grupo, que reúne 19 das maiores economias do mundo e a União Europeia, pela primeira vez.
O encontro acontece em um contexto tenso, marcado por atritos envolvendo o conflito da Ucrânia e pela ausência de dois líderes importantes, como Vladimir Putin (presidente russo) e Xi Jinping (presidente chinês).
A BBC News Brasil afirma o presidente chega ao evento com olhar diferente de anos atrás, quando Lula atuava como importante liderança mundial nos esforços de superação da crise financeira de 2008. Na época, lembra a reportagem, o petista chegou a ser chamado de “o cara” e o “político mais popular da terra” pelo ex-presidente americano, Barack Obama.
“Ele não é mais o cara. Acho que ninguém sustentaria isso, tanto porque, obviamente, o Brasil não está mais nadando de braçada em termos econômicos, quanto por tudo que o país passou: um impeachment, a prisão do próprio Lula [na operação Lava Jato] e a eleição de uma figura tão controversa e complicada em todos os âmbitos como é [o ex-presidente Jair] Bolsonaro”, analisa Ana Saggioro Garcia, professora de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), à BBC News Brasil.
Para o analista Alan Ghani, que enfatiza a reunião como uma “vitrine” para Lula atrair mais investimentos para o Brasil, a Cúpula “é uma faca de dois gumes”, por conta da polarização do mundo com as tensões entre EUA e China, e Rússia e Ucrânia.
“Dependendo das declarações do presidente Lula, principalmente, envolvendo a Ucrânia e a Rússia, pode se tornar algo bastante sensível. Digo isso porque Lula tem que ser muito cuidadoso para não desagradar os seus principais parceiros comerciais aqui do Brasil, os EUA e a China. Ele tem que ser habilidoso justamente para atrair investimentos de ambos”, declarou à Jovem Pan.
A Cúpula
A reunião acontece neste sábado, 9, e domingo, 10, na qual o Brasil receberá da Índia a incumbência de presidir o G20 no próximo mandato, que se inicia em 1º de dezembro deste ano e irá até 30 de novembro de 2024, quando uma cúpula de líderes será realizada no Rio de Janeiro.
O grupo é formado por África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coréia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia, Turquia e União Europeia. Para esta cúpula, também foram convidados Bangladesh, Egito, Emirados Árabes Unidos, Espanha, Ilhas Maurício, Nigéria, Omã, Países Baixos e Singapura.
No evento, Lula deve levar uma mensagem de paz e discutir temas como desenvolvimento sustentável, transição energética, mudanças climáticas, preservação ambiental e emissões de carbono, além de defender uma aliança contra a fome e desigualdade social.