Bruno Pacheco – Redação Amazônia
A presidente eleita para assumir o biênio 2024-2025 do Tribunal de Contas Estado do Amazonas (TCE-AM), conselheira Yara Lins denunciou na manhã desta sexta-feira, 6, o conselheiro Ari Moutinho na Delegacia da Mulher da Polícia Civil (PC), em Manaus. A nova representante da Corte alega ter sido vítima de ameaças e que o colega do órgão a xingou com palavras de baixo calão.
“Não está aqui a conselheira, está uma mulher que foi covardemente agredida no Tribunal de Contas, no plenário, antes da eleição, para me desestabilizar. Eu, quando estava no plenário, fui cumprimentar o conselheiro Ari com um bom dia, e ele disse: ‘bom dia nada, safada, puta, vadia’, e me ameaçou, dizendo: ‘eu vou te fuder'”, declarou Yara Lins, que estava acompanhada dos conselheiros Luís Fabian e Josué Neto, além do deputado federal Fausto Jr., que é filho dela.
O caso relatado pela conselheira aconteceu na terça-feira, 3, quando a Corte de Contas realizou as eleições para definir a nova mesa diretora do órgão. Em um vídeo que circula pelas redes sociais, é possível ver o momento em que Yara Lins e o Ari Moutinho ficam um de frente para o outro e chegam a conversar entre si. A nova presidente da Corte falou sobre o episódio em entrevista à jornalistas:
“O vídeo mostra. Depois que eu fui agredida, fiquei paralisada e passei a mão no rosto dele e eu disse: ‘você é um infeliz, por isso que sofre tanto’, e ele, sarcasticamente, tentou pegar na minha mão e jogou beijo para mim. Depois, na sessão, quando tive a minha fala, eu disse: ‘agradeço a Deus e tudo posso naquele que me fortalece, mas eu só temo a Deus, não temo a homem algum'”, relatou a conselheira.
Yara Lins disse ainda que acredita na Justiça e nas autoridades do Amazonas na condução do caso e que chegou a relutar em fazer a denúncia contra Ari Moutinho, mas que não poderia se acovardar e que apenas quer o fim da violência contra as mulheres. “Eu não aceito ameaças”, pontuou.
“Eu peço Justiça, porque eu sou a única mulher, a única conselheira lá do Tribunal e represento as servidoras da minha instituição. Relutei muito em vir aqui fazer essa denúncia, mas eu não poderia me acovardar, como muitas, por ameaças. Eu não aceito ameaças”, continuou.
Veja a entrevista na íntegra:
Eleições
As eleições do TCE-AM aconteceram na última terça-feira, 3, em meio a tensão entre os conselheiros presentes, já que houve uma mudança no Regimento Interno e o atual presidente do TCE-AM, o conselheiro Érico Desterro, havia declarado ao Redação Amazônia que as alterações não passaram por ele.
Durante o pleito, Júlio Pinheiro e Érico Desterro chegaram a se desentender por conta de uma das novas regras e o presidente da Corte chegou a sugerir a suspensão das votações, o que não foi aceito pelos demais membros. Após ambos dialogarem sobre como procederia na escolha da nova mesa diretora, as eleições retornaram.
Além de Yara Lins, que recebeu 5 votos para presidência, o conselheiro Luis Fabian foi escolhido como vice-presidente; Josué Neto como corregedor; e Mário de Melo como ouvidor. Um dos cargos mais disputados, o de coordenador da Escola de Contas do TCE-AM, teve votação acirrada: Júlio Pinheiro recebeu 4 votos e contra 3 de Érico Desterro.
O Redação Amazônia solicitou nota do TCE-AM sobre a denúncia da conselheira Yara Lins e um posicionamento do conselheiro Ari Moutinho. A reportagem aguarda retorno.