Em um mundo que celebra “a perfeição” e “agendas lotadas”, a autocompaixão pode parecer uma ideia distante ou até um luxo. Porém, pesquisas em psicologia positiva e neurociência têm mostrado que ela é, na verdade, um dos maiores aliados da resiliência e da produtividade sustentável. Afinal, é impossível manter a alta performance se o combustível emocional se esgota.
Tratar a si mesmo com bondade e compreensão, especialmente em momentos de dificuldade, é a base da autocompaixão, conceito amplamente estudado pela psicóloga Kristin Neff. Esse cuidado consigo mesmo ativa áreas do cérebro ligadas à calma e ao bem-estar, diminuindo o impacto negativo do estresse crônico e promovendo uma mentalidade mais resiliente. Pessoas com altos níveis de autocompaixão enfrentam desafios com mais criatividade e perseverança, pois não desperdiçam energia se culpando por erros ou fracassos. Elas se reerguem mais rápido, aprendem com a experiência e seguem em frente, o que é essencial para quem busca viver e trabalhar de forma mais equilibrada.
Leia mais: David anuncia novo pedido de empréstimo milionário em Manaus
Ao contrário do que muitos pensam, ser autocompassivo não significa ser complacente ou indulgente. Na prática, significa reconhecer seus próprios limites e respeitar as necessidades do corpo e da mente. Essa abordagem não apenas reduz os níveis de cortisol, o hormônio do estresse, como também aumenta a produção de ocitocina, o chamado “hormônio do bem-estar”. Esse equilíbrio interno permite decisões mais claras e uma menor reatividade emocional.
Pessoas que praticam a autocompaixão tendem a procrastinar menos e a ter mais disposição para concluir tarefas. Isso ocorre porque não se sobrecarregam com cobranças irreais ou autocríticas destrutivas. Pesquisas da Universidade de Berkeley destacam que a autocompaixão ajuda a construir uma produtividade sustentável, já que acolher falhas e humanizar experiências mantém a energia emocional necessária para continuar.
Mas como trazer a autocompaixão para a prática do dia a dia? Uma maneira simples é começar observando a forma como você se trata em momentos de dificuldade. Pergunte-se: “Se um amigo estivesse passando por isso, o que eu diria para confortá-lo ou incentivá-lo?”. Muitas vezes, é necessário mudar o tom do diálogo interno, trocando frases como “Eu sou um desastre” por “É normal cometer erros, estou aprendendo”.
Leia mais: Salário dos vereadores de Manaus passa a ser o maior do país, igualado a São Paulo
Também é útil reservar momentos do dia para observar seus pensamentos e sentimentos sem julgamento. Essa prática de atenção plena ajuda a criar um espaço para responder às situações com mais equilíbrio e menos reatividade. Para potencializar essa prática, o recurso do processo terapêutico com um psicólogo pode ser transformador, permitindo observar seus pensamentos e emoções com mais clareza e ajustá-los de forma mais assertiva.
Quando algo não sair como o esperado, pergunte-se: “O que eu realmente preciso agora?”. Esse simples exercício pode levar a decisões mais gentis consigo mesmo, como pedir ajuda, ajustar um prazo ou simplesmente fazer uma pausa.
Ao enfrentar um erro ou fracasso, lembre-se de que isso faz parte da experiência humana. Reconhecer a dor do momento sem se prender à autocrítica exagerada é fundamental. Em vez de se punir, procure refletir sobre o aprendizado que pode surgir daquela situação.
Criar pequenos rituais de autocuidado também é uma forma prática de exercitar a autocompaixão. Pausas estratégicas durante o trabalho, momentos para hobbies que tragam alegria ou mesmo uma rotina de descanso mais intencional ajudam a reabastecer as energias emocionais e físicas, essenciais para manter a produtividade a longo prazo.
Abraçar a autocompaixão é mais do que um ato de bondade consigo mesmo; é uma escolha inteligente para viver com mais leveza e eficácia. Quando você se trata com cuidado e respeito, constrói uma base sólida para enfrentar os desafios da vida e prosperar em todas as áreas.
Se ainda tem dúvidas sobre por onde começar, experimente substituir “O que há de errado comigo?” por “O que eu posso fazer por mim neste momento?”. Pequenas mudanças no diálogo interno podem trazer impactos transformadores. Que tal tentar?
Sobre a autora:
Luanna Cunha é psicóloga, sócia fundadora, diretora executiva e responsável técnica da Permah Consultoria e Psicologia. Com mais de 20 anos de experiência, Luanna construiu uma carreira consolidada em multinacionais dos setores industrial e educacional, onde liderou programas de bem-estar e desenvolvimento organizacional.
Especialista em Psicologia Positiva, Neurociência e Atendimento Clínico para Mulheres, Luanna é reconhecida por sua habilidade em alinhar estratégias científicas com soluções práticas que promovem a transformação emocional e profissional. Além disso, é autora de livros sobre positividade no trabalho, contribuindo ativamente para o campo da psicologia aplicada ao ambiente corporativo.
Na Permah, ela lidera com inovação e excelência, impactando diretamente a vida de pessoas e organizações por meio de programas personalizados de bem-estar e formação de lideranças humanizadas. Seu compromisso é transformar desafios psicológicos em oportunidades de crescimento, empoderando mulheres e criando ambientes organizacionais mais inclusivos e produtivos.