Mais de 800 mil pessoas estão sendo impactadas pelas obras da COP30 em Belém (PA) — número três vezes maior que aquele registrado na Copa do Mundo de 2014, que afetou entre 170 mil e 250 mil pessoas com remoções, desapropriações e mudanças urbanas, de acordo com o Dossiê Megaeventos e Violações de Direitos Humanos no Brasil. A informação foi divulgada nesta quarta-feira (2), durante audiência pública da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados.
O secretário extraordinário da Casa Civil para a COP30, Valter Correia da Silva, detalhou os investimentos e o andamento das obras para a Conferência da ONU sobre Mudança do Clima, que será realizada em novembro. Segundo ele, as intervenções estruturantes em rios, córregos e saneamento vão deixar legado para mais da metade da população da capital paraense.
“O governo do Pará, junto com o governo federal, está investindo em torno de R$ 4 bilhões em obras estruturantes. Fundamentalmente, vão ficar de legado e atingem direta ou indiretamente mais de 800 mil pessoas”, afirmou.
Um dos principais projetos em andamento é o Parque da Cidade, antiga área de um aeródromo cedido pela União. O espaço de 500 mil m² abrigará a Zona Azul (área oficial da ONU) e a Green Zone (sociedade civil e empresas). A obra, que está prestes a iniciar a fase de montagem, é financiada com cerca de R$ 1 bilhão provenientes de compensações ambientais da mineradora Vale.
Recursos
A audiência foi convocada pelo deputado Junio Amaral (PL-MG), que questionou o volume de recursos públicos empregados na organização. O deputado Dimas Gadelha (PT-RJ) defendeu o investimento. “O Brasil reservou no seu orçamento R$ 1 bilhão. Não era para menos. E vai deixar um legado muito grande, porque tem muito investimento em infraestrutura.”
O secretário destacou que todos os contratos passam por fiscalização da CGU e do TCU, com apoio técnico da Organização de Estados Ibero-Americanos (OEI) — mesma entidade que auxiliou na realização de cúpulas do G20 e BRICS no Brasil.
Hospedagem e segurança
Correia também apresentou os planos de hospedagem e segurança. A expectativa é de 55 mil leitos disponíveis, somando hotéis, casas alugadas, navios e estruturas adaptadas. Três novos hotéis estão em fase final de construção. Apesar do número suficiente, o secretário admitiu que o alto custo da hospedagem ainda é uma questão crítica. “Temos quartos suficientes, mas ainda há momentos em que os preços estão bastante fora da curva.”
As ações de segurança serão realizadas de forma integrada por Forças Armadas, Polícia Federal, polícias estaduais e guardas municipais, enquanto o SUS atuará na linha de frente em casos de urgência. Povos tradicionais terão atenção especial nas soluções de acolhimento e mobilidade.
O vice-presidente da comissão, deputado Márcio Jerry (PCdoB-MA), elogiou a condução dos preparativos. “Isso nos dá uma segurança muito grande quanto à gestão correta para que nós tenhamos pleno êxito nesta tão importante iniciativa.”