MANAUS (AM) – Em um período de quase 20 anos, a Prefeitura de Manaus emprestou R$ 4,820 bilhões de bancos nacionais e internacionais. Os empréstimos ocorreram entre 2007 e julho deste ano, conforme o Sistema de Análise de Dívida Pública, Operações de Crédito e Garantia da União, Estados e Municípios (Sadipem). A reportagem é da Revista Cenarium,
Cinquenta e três por cento, ou R$ 2,250 bilhões, foram contraídos nos últimos quatro anos, durante as duas gestões do prefeito de Manaus, David Almeida (Avante). O empréstimo mais recente é de meio bilhão, solicitado em meados do mês passado junto ao Banco do Brasil.
A Prefeitura pediu o financiamento para amortização de dívida pública e para fortalecimento do Fundo Municipal de Desenvolvimento Urbano. Segundo a plataforma, 52% da dívida foi contraída com instituições financeiras nacionais, entre elas a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil.
Entre as capitais dos sete estados da região Norte, Manaus só fica atrás da capital do Pará, Belém, que, entre 2002 e agosto do ano passado, obteve R$ 14,543 bilhões em financiamentos. No entanto, nos últimos quatro anos, a Prefeitura de Manaus foi o município que mais obteve recursos oriundos de operações de crédito entre todos os estados do Norte.
Os R$ 2,250 bilhões emprestados pela gestão David Almeida são quase três vezes maiores do que o volume de empréstimos da Prefeitura de Belém contraídos nos últimos quatro anos. Foram R$ 773 milhões obtidos pela capital paraense no período.
A Prefeitura de Manaus também deve R$ 332,206 milhões em parcelamento previdenciário, R$ 23,778 milhões em precatórios e R$ 1,7 bilhão de dívidas não contratuais, de acordo com o Sadipem.
O economista Mourão Júnior avalia que pegar recursos para fazer investimento é natural, mas o volume de empréstimos pode comprometer a saúde financeira de Manaus.
“A responsabilidade [pelos empréstimos] não é só do prefeito, mas também dos vereadores que aprovaram esses empréstimos. Todo e qualquer empréstimo tem que ser bem analisado. Sempre tem que se olhar a questão do endividamento e a questão dos juros que serão pagos”, avalia o especialista.
De acordo com a Lei Orçamentária Anual de 2025, já em execução, a Prefeitura de Manaus paga R$ 352,774 milhões em juros para postergar a dívida bilionária. Cerca de R$ 12,100 bilhões deixam de entrar no orçamento da Prefeitura anualmente.
São R$ 12 bilhões em débitos da dívida ativa e outros R$ 100 milhões em renúncias fiscais.
A dívida ativa é o volume de impostos e taxas que pessoas físicas e jurídicas devem ao município. Já a renúncia fiscal é um recurso que a administração pública deixa de arrecadar para incentivar setores econômicos.