Em tempos em que se fala cada vez mais sobre escuta ativa, empatia e liderança humanizada, ainda encontramos um cenário comum e adoecedor em muitas organizações: a cultura do silêncio.
Funcionários que não se sentem seguros para relatar dificuldades, medo de retaliação ao expressar insatisfações, lideranças despreparadas para lidar com a vulnerabilidade emocional da equipe. Tudo isso compõe um ambiente onde o silêncio é norma, e o sofrimento psíquico, invisibilizado.
De acordo com a pesquisa do International Institute of Management Development (IMD, 2023), cerca de 61% dos profissionais evitam relatar problemas emocionais por medo de parecerem fracos ou incompetentes. Isso indica um ambiente onde o medo supera a confiança e a escuta é substituída por protocolos frios ou pela ausência total de canais de acolhimento.
Essa realidade contraria diretamente os avanços exigidos pelas adequacões da NR 01, que, desde sua atualização, passaram a exigir das empresas a identificação, avaliação e gestão dos riscos psicossociais. Ignorar a cultura de silêncio significa, portanto, falhar no cumprimento da norma, especialmente no que diz respeito aos fatores organizacionais que afetam a saúde mental dos trabalhadores.
Como a Psicologia pode ajudar
A Psicologia Organizacional oferece ferramentas científicas e humanas para transformar esse cenário. Intervenções como grupos de escuta ativa, programas de suporte psicológico, treinamentos em inteligência emocional e desenvolvimento de liderança empática são estratégias eficazes para romper o ciclo de silenciamento.
Segundo estudo publicado na Harvard Business Review (2021), empresas que estimulam a escuta psicológica têm aumento de 47% na retenção de talentos e reduzem em até 30% o afastamento por questões de saúde mental.
Ademais, incluir psicólogos no processo de mapeamento dos riscos psicossociais garante não apenas o cumprimento da legislação, mas um olhar qualificado sobre as relações humanas no trabalho. Um olhar que compreende o silêncio não como ausência de conflito, mas como sintoma de um problema que precisa ser nomeado, acolhido e transformado.
Para refletir: que espaços sua empresa tem criado para a escuta real dos colaboradores? Há canais efetivos ou apenas discursos bonitos em cartilhas institucionais?
Romper a cultura do silêncio é um movimento corajoso. E essencial para empresas que desejam ser sustentáveis, humanas e alinhadas às diretrizes atuais da legislação trabalhista.