Close Menu
RDA · Redação AmazôniaRDA · Redação Amazônia
    Facebook Instagram
    Facebook Instagram
    RDA · Redação AmazôniaRDA · Redação Amazônia
    • Manaus
    • Amazonas
    • Brasil
    • Amazônia
    • Apoie o RDA
    RDA · Redação AmazôniaRDA · Redação Amazônia
    Home»Amazonas»Amazonas realiza 1ª cirurgia de redesignação sexual em trans e intersexo
    Trans
    Emy Rigonatty, 26, realizou, em agosto do último ano, a cirurgia de redesignação sexual (Acervo Pessoal)
    Amazonas

    Amazonas realiza 1ª cirurgia de redesignação sexual em trans e intersexo

    29 de janeiro de 2025
    WhatsApp Facebook Twitter Telegram LinkedIn Email

    MANAUS – A estudante de Odontologia Emy Rigonatty, 26, deve se tornar, até o fim de 2027, a primeira dentista transexual do Estado do Amazonas. Isto porque ela realizou, em agosto do último ano, a cirurgia de redesignação sexual, para que haja uma concordância entre o gênero de reconhecimento e os órgãos sexuais.

    Emy foi uma das 22 pacientes que participaram do mutirão de cirurgias em pessoas transexuais e intersexo no AM pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Um fato histórico, já que tradicionalmente o estado não possui nenhum centro de referência para a redesignação sexual no serviço público.

    @kleiton.renzo

    “Nunca houve esse tipo de cirurgia em pessoas trans e intersexo no estado, e eu fui uma das escolhidas, dentre centenas de meninas que estavam à espera da cirurgia pelo SUS, então sou imensamente grata por essa oportunidade”, disse a estudante, que também viveu momentos desafiadores nos últimos anos enquanto cursava a sua transição sexual, como um caso de discriminação em sua faculdade ao não ser reconhecida como mulher e o uso irregular de hormônios para feminização.

    O evento ocorreu de 27 a 31 de agosto e foi organizado pelo Hospital Universitário Getúlio Vargas da Universidade Federal do Amazonas (HUGV-Ufam) e pelo Ministério da Saúde, com apoio da Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares), uma empresa vinculada ao Ministério da Educação e responsável por gerir os 40 hospitais universitários federais do Brasil e também da Sociedade Brasileira de Urologia.

    Dentre os pacientes atendidos na ocasião havia também três indígenas intersexo —pessoas com mutações nos cromossomos sexuais e que apresentam características tanto masculinas quanto femininas, como testículos e vagina—, ajudando também a garantir o reconhecimento de gênero nesta população muitas vezes invisibilizada.

    De acordo com os organizadores, a demanda no estado e em toda a região Norte era alta, mas sem um centro capacitado para realizar os procedimentos. Muitos pacientes solicitavam um tratamento fora de domicílio (TDF), o que implica, muitas vezes, em custos de deslocamento e também riscos relacionados à recuperação.

    “Percebemos a demanda inicialmente por meio da telemedicina, que foi quando detectamos essas pessoas, principalmente intersexo, em condições adversas”, afirma a mastologista e chefe da divisão médica do HUGV/Ebserh, Conceição Crozara. “Eu não sabia que existiam tantas pessoas carecendo dessas cirurgias, e ninguém sabia, porque é uma lista invisível”, diz ela, se referindo ao histórico de violência e de vulnerabilidade da população LGBTQIA+ na região.

    Veja também: Presidente da COP30 quer montar força-tarefa para o clima

    Os pacientes atendidos já eram usuários do Ambulatório de Diversidade Sexual e de Gêneros da Policlínica Codajás, onde recebiam um atendimento multiprofissional, com ginecologista, mastologista, urologista, psicólogos, psiquiatras e fonoaudiólogos, dentre outros. “O último levantamento já contava com mais de 900 pacientes trans e intersexo em acompanhamento”, afirma a médica. Passados cinco meses, o índice de satisfação foi muito elevado, conta.

    Além da realização das cirurgias, foram ofertadas palestras e cursos de capacitação para os profissionais na região, com o objetivo de deixar, assim, um legado para o futuro, explica Ubirajara Barroso Jr., urologista e professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e um dos médicos convidados a participar do evento.

    “Existe uma demanda muito maior do que a capacidade dos centros, e isso é em todo o país, mas notamos que se não há nenhum centro credenciado, de fato a fila é enorme. Esse evento foi o primeiro multiprofissional cirúrgico organizado para esse propósito no país”, diz.

    O médico ressalta que, por ser uma cirurgia irreversível, existem critérios rigorosos para a inclusão, como ser maior de 18 anos, ter vivência no gênero que se identifica, ter acompanhamento estrito do ponto de vista psicológico e a chamada congruência —para evitar o arrependimento futuro. “O que vimos é uma felicidade das pessoas, como um renascimento. Para um médico, esse é o sentimento passado”, afirma.

    A médica também conta como houve uma tentativa de desmoralizar o evento, gerando diversas informações falsas e tentativas de assustar a população sobre o procedimento. “Teve muita resistência, porque é um estado muito conservador, seja por cunho ideológico, seja religioso, e algumas pessoas questionaram que as cirurgias estavam sendo feitas no lugar de outros procedimentos eletivos, e não foi isso, cada paciente tem a sua prioridade. Tivemos que quebrar esse imaginário”, relata.

    Para Emy, houve uma tentativa dos órgãos municipais e estaduais de barrarem o acesso à saúde e aos direitos humanos da população LGBTQIA+ na região. “A Prefeitura de Manaus não se posicionou em nada em relação a isso, as pessoas buscaram os secretários [de saúde] e eles não ajudaram a custear as cirurgias destes pacientes.”

    A Folha solicitou à Prefeitura de Manaus e à Secretaria de Estado de Saúde informações sobre fila de espera para cirurgia de redesignação sexual, bem como qual foi o envolvimento do município e do governo estadual na realização das cirurgias, mas não houve retorno até a publicação desta reportagem.

    Isaac Lopes, 22, presidente da Associação Transmasculina do Amazonas (Atam), descobriu-se como homem trans aos 14 anos e sonhava em fazer a mastectomia (remoção das mamas) masculinizadora. Ele vê a oportunidade como uma conquista. “Teve um momento da minha vida que cheguei a duvidar que ia conseguir alcançar essa cirurgia, porque elas são muito caras, as filas [no SUS] são muito longas e os hospitais particulares são inacessíveis.”

    A jornada de cirurgias de redesignação sexual pode ampliar o acesso a outros ribeirinhos, indígenas e população trans e intersexo do estado, afirma. “O Amazonas é um estado muito transfóbico. A forma de ampliar o acesso, quando o Estado parece não ter condições, é pelo movimento social, em conjunto com profissionais da área da saúde, para garantir os direitos de toda a população“, diz.

    VIA REVISTA CENARIUM

    Siga o editor do RDA

    Mais notícias

    MPF recomenda anulação e suspensão de processos minerários irregulares no Amazonas

    Entenda proposta de acordo do INSS para devolução de descontos ilegais

    MPAM apura possíveis irregularidades em obra na orla de Parintins

    Redação Amazônia
    Hostinger
    Apoie o RDA
    ARQUIVO
    RDA · Redação Amazônia
    Facebook Instagram
    • Manaus
    • Amazonas
    • Brasil
    • Amazônia
    • Apoie o RDA
    Diretor Executivo: Kleiton Renzo | Política de Privacidade

    Type above and press Enter to search. Press Esc to cancel.

    Nós utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continua a usar este site, assumimos que você está satisfeito.Ok