As ‘Serras Guerreiras’ são um lugar sagrado para a história do Brasil e para os povos tradicionais. O lugar paradisíaco oferece um turismo ecológico e sustentável, que promove o sustento de mais de 100 famílias, em cinco comunidades da região do interior do Amazonas.
Assim as lideranças indígenas de Santa Isabel do Rio Negro (antiga Tupuruquara) definem as extensões que se perduram ao longo das Terras Indígenas dos Médios Rio Negro I e II. No Dia Mundial do Turismo Ecológico, 1º de março, a REVISTA CENARIUM exibe as belezas da terra, onde a língua indígena mais falada é a Nheengatu.
De acordo com os contos dos anciões indígenas das comunidades ribeirinhas, a história das Serras Guerreiras nasce de um grupo de guerreiros que desceu da Colômbia para travar uma batalha contra a serra do outro lado do rio.
Após a fervorosa luta, no amanhecer, os combatentes viraram pedra e, até então, vivem no local. É nesse estonteante enredo que ocorrem as viagens no território amazônico, por meio do projeto comunitário de turismo “Serras Guerreiras de Tupuruquara”, cujos guias são os próprios indígenas que vivem e convivem com a floresta há anos.
O projeto foi um dos cinco vencedores do prêmio Changing Your Mind 2021, da revista americana Fanity Fair. Por conta da pandemia da Covid-19, as expedições estão suspensas. A expectativa, no entanto, é que as excursões retornem após as vacinações da população.
Ecologia e sustentabilidade
De acordo com o ambientalista Carlos Durigan, o termo ‘ecologia’ faz referência à ciência que estuda os seres vives e as interações entre si e com o meio onde vivem. O termo também pode ser utilizado para se referir à natureza ou a formas de atuação do homem em defesa ao meio ambiente.
Para Durigan, a ecologia possui extrema relevância, pois é por meio dela que o homem entende melhor a vida e o planeta em que vive. Dessa forma assim, pode fortalecer iniciativas para agir de forma mais responsável para manter o ecossistema.
“O termo sustentabilidade começou a ser amplamente utilizado no início dos anos 1970, consolidando-se como algo a se almejar nas relações da sociedade humana com o planeta, além das espécies com as quais convivemos”, diz o ambientalista.
Ele diz que a ecologia deu as bases para a construção da sustentabilidade. “Uma vez que gerou informações relevantes sobre o alto grau de ameaça que nossas ações impactantes começaram a gerar na natureza”, salientou Durigan.
Construção
Carlos Durigan explicou também que no ramo das ciências biológicas, a ecologia é a principal responsável pelo surgimento e fortalecimento da consciência ambiental nas sociedades urbanas e ainda pelo reconhecimento da consciência sobre povos tradicionais indígenas e não indígenas.
“A urbanização e o consumismo que surgiu nas últimas décadas tem seu contraponto no movimento socioambiental. Implementar experiências de ecoturismo na Amazônia é possível, mas é um grande desafio. Esta agenda deveria ser tratada com mais seriedade, uma vez que é a melhor forma de se desenvolver e trazer inúmeros benefício a região”, ponderou Carlos.
Para ele, tratar com ética e responsabilidade a aplicação de investimentos no setor já seria um passo importante a ser dado. “Infelizmente, o que vemos, ao invés do incentivo a boas práticas na região, a cada dia cresce o investimento em atividades degradantes e ainda geram conflitos sociais de difícil solução. Com isso, vamos dilapidando nosso patrimônio natural para satisfazer o interesse de uma minoria de beneficiários”, finaliza.
A viagem na Amazônia
Segundo o Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), o bioma brasileiro possui diversidade de espécies de animais, abrigando mais de 73% das espécies de mamíferos e 80% das de aves existentes no território nacional.
Além disso, os visitantes têm a oportunidade de desvendar os mistérios do lugar e conhecer a cultura e as crenças dos indígenas, que oferecem roteiros culturais e aventuras com alojamento garantido. A rede é o principal dormitório.
A viagem à região de Santa Isabel do Rio Negro, no extremo Norte do País, além de contar com o turismo ecológico e sustentável, possui hospedagem disponível nas malocas das comunidades.
Festas de oferenda e de boas-vindas, rituais, celebrações típicas, danças tradicionais, além do artesanato, com a extração da palha à produção de peças como peneiras, cestos e esteiras são algumas das opções turísticas disponíveis com o passeio turístico.
Na região, o visitante ainda pode desfrutar das iguarias alimentares dos povos indígenas e ter a experiência de navegar pelos rios de água doce da Amazônia, em meio às árvores, praias e ilhas.
Os encantos e os prazeres de quem visita a povoação, longe de toda a euforia de uma metrópole, é concebido em meio à calmaria e à simplicidade do dia a dia das famílias indígenas do médio Rio Negro, a quase mil quilômetros de Manaus. Os detalhes do projeto turístico são contados em um minidocumentário de apresentação exibido na internet e no site https://www.serrasdetapuruquara.org/.