RICARDO CHAVES – PRO RDA
Fora do centro das atenções sobre a reprovação das contas do governo de 2017, o ex-governador José Melo afirmou que a análise feita pela Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) ganhou um componente político ligado às possíveis pretensões eleitorais do prefeito de Manaus, David Almeida (Avante). José Melo, que teve o mandato cassado, foi um dos três governadores no atípico ano de 2017, em que o Amazonas teve ele, David Almeida e Amazonino Mendes à frente do Estado.
Na avaliação do ex-governador, o julgamento das contas extrapola critérios técnicos e ocorre em um contexto eleitoral antecipado. “Ninguém é criança aqui, né? Tem um componente político nessa história. As pretensões naturais, normais, do David querer ser governador do Estado. Todo político sonha com isso. Quem disser que não sonha, tá enganando. Isso aí tem colocado um componente político nessas coisas. Não para mim, porque eu tenho quatro meses só. Qual foi o crime que eu cometi em quatro meses?”, disse o ex-governador.
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Uma eventual reprovação das contas na Aleam seria um fato inédito, algo que nunca ocorreu desde a criação do Tribunal de Contas, órgão auxiliar do Legislativo para o controle externo das contas públicas. Em 2017, José Melo permaneceu no governo por apenas quatro meses, enquanto o restante do exercício foi conduzido pelo ex-governador Amazonino Mendes, que faleceu em 2023, e pelo atual prefeito de Manaus.
Apesar de reconhecer que uma eventual reprovação das contas poderia torná-lo inelegível, José Melo minimizou o impacto pessoal da decisão. O ex-governador disse ainda confiar que a Assembleia Legislativa manterá o mesmo critério adotado ao longo dos anos.
“Eu não tenho nenhum problema. Seria a terceira enorme injustiça que fazem comigo. Fui cassado por compra de voto e a Nair Blair foi inocentada porque não comprou voto. Fui preso alegando que eu tinha formado quadrilha com o Rômulo Mustafá, depois o processo comprovou que os que formaram a quadrilha eram os outros e não eu. Então, a terceira, eu já encontrarei meu couro bastante grosso para entender. Mas eu tenho a plena confiança que o deputado Roberto Cidade e todos os outros deputados que estão lá vão ter um equilíbrio suficiente para entender que não é assim que se faz as coisas”, afirmou.
A expectativa é de que a análise sobre a reprovação das contas do governo de 2017 entre na pauta da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) com o início dos trabalhos legislativos de 2026. Sobre o assunto, o prefeito de Manaus, David Almeida, tem destacado que o órgão técnico, o Tribunal de Contas do Estado (TCE-AM), emitiu parecer pela aprovação das contas de 2017, com ressalvas. O político tem negado ser pré-candidato ao Governo do Amazonas.


