Um levantamento realizado pelo Greenpeace Brasil divulgado nesta segunda-feira (11) mostra que a atividade do garimpo foi responsável pela devastação de 1.409,3 hectares em 2023 nas terras indígenas (TIs) Yanomami, Kayapó e Munduruku, o que equivale à abertura de quatro campos de futebol por dia nessas áreas.
“São muitas as áreas afetadas e poucas as ações para interromper essa destruição”, alerta a organização.
“Cada hora que passa com os garimpeiros dentro dos territórios indígenas significa mais pessoas ameaçadas, uma porção de rio destruído e mais biodiversidade perdida. Precisamos, pra já, de uma Amazônia livre de garimpo”, afirma o porta-voz do Greenpeace Brasil, Jorge Eduardo Dantas.
Conforme os dados, colhidos com base nos satélites de monitoramento que o Greenpeace mantém nas regiões, os três territórios somados concentram, ao todo, mais de 26,4 mil hectares da atividade ilegal. Os dados são coletados desde 2016.
O estudo mostra que a situação mais grave é registrada na terra indígena Kayapó, no Pará, onde o garimpo derrubou 1.019 hectares só no ano passado. No acumulado, o território tem mais de 15,4 mil hectares devastados pelo garimpo. As imagens de satélite mostram ainda que a atividade ilegal está concentrada na parte leste e nordeste da TI e sobreposta a pelo menos quatro aldeias do povo Kayapó.
Já na terra indígena Munduruku, também no Pará, os pesquisadores alertam para a proximidade do garimpo com os locais de moradia da população indígena. De acordo com os mapas, as atividades ilegais estão adjacentes a pelo menos 15 aldeias.
O território do povo Munduruku, aliás, é a segunda terra indígena com a maior área acumulada de garimpo, com 7.000 hectares derrubados até o fim de 2023. Conforme os dados, 5.600 hectares foram destruídos nos últimos cinco anos — entre 2019 e 2023. No entanto, enquanto o garimpo devastou uma nova área de 430,9 hectares em 2022, esse número caiu para 152 hectares em 2023.