A Prefeitura de Coari, sob o comando do prefeito Adail Pinheiro (Republicanos), está no centro de mais uma polêmica envolvendo gastos públicos questionáveis. Desta vez, a administração municipal contratou uma empresa especializada em aluguel de carros para fornecer brinquedos educativos à rede de ensino, em um contrato no valor de R$ 2,7 milhões. A reportagem é da Amazônia Press.
A Hadar Manutenção e Conservação e Empreendimentos Ltda (CNPJ nº 17.577.025/0001-55), cuja atividade principal registrada na Receita Federal é locação de veículos sem condutor, foi a escolhida pela Secretaria Municipal de Educação (SEMED) para entregar milhares de brinquedos, incluindo cubos didáticos, dominós de madeira e bolas terapêuticas.
Empresa sem histórico no setor
Apesar do alto valor do contrato (R$ 2.786.792,92), não há registros públicos de que a Hadar tenha experiência prévia no fornecimento de materiais pedagógicos. A aquisição foi feita por meio de adesão a ata de registro de preços (Processo Administrativo nº 219/2025 – SEMED), mecanismo frequentemente criticado por facilitar contratações sem licitação direta, aumentando o risco de superfaturamento e favorecimento.
Análise dos itens contratados
O documento prevê o fornecimento de mais de 14 mil unidades de materiais educativos, com destaque para:
- 3.004 brinquedos tipo montanha-russa de madeira: R$ 474 mil
- 3.004 kits de atividades corporais: R$ 1,58 milhão
- 3.004 dominós infantis: R$ 218 mil
- 504 brinquedos infláveis tipo “joão bobo”: R$ 70 mil
- Outros itens especificados no Anexo I do contrato
Questionamentos sobre capacidade técnica
A documentação pública disponível não apresenta evidências de experiência prévia da empresa contratada no fornecimento de materiais didáticos em larga escala. Especialistas em licitações públicas apontam que contratos dessa natureza, especialmente envolvendo produtos destinados à primeira infância, requerem fornecedores com histórico comprovado no setor educacional.
“Materiais pedagógicos exigem não apenas qualidade, mas conhecimento específico sobre normas de segurança, desenvolvimento infantil e adequação às diretrizes educacionais”, explica a consultora em gestão pública Maria Santos*, que acompanha processos licitatórios na região Norte.
A Prefeitura alega que a compra gerou “economia”, mas não apresentou estudos técnicos que comprovem a capacidade da empresa ou a real necessidade dos produtos.