Começa o mês de fevereiro e com ele a folia e descontração das festas carnavalescas tomam conta do país. Nessa época do ano, aumenta também a preocupação das autoridades de saúde com a prevenção às doenças sexualmente transmissíveis. Como o período é de muita alegria e as pessoas normalmente estão mais relaxadas quanto aos cuidados com a saúde, a médica infectologista da Unimed Manaus, Silvana Lima, chama atenção para a importância de reforçar a prevenção contra o vírus HIV e as Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST).
Silvana Lima ressalta que independente da época do ano, o uso do preservativo é imprescindível em todas as relações sexuais. Ela diz que no calor da folia muitas pessoas se descuidam da saúde e esquecem do uso da camisinha, e esse é o perigo.
Conforme a médica, o uso da camisinha ainda é a principal forma de prevenção contra o HIV e outras doenças sexualmente transmissíveis, como sífilis, gonorreia, herpes genital, condiloma acuminado, hepatites B e C. “Todas essas doenças são transmitidas através da relação sexual desprotegida. E podem ser perfeitamente evitadas, com o uso do preservativo”, frisou.
A médica explica que algumas IST’s também podem ser transmitidas por meio do contato com sangue contaminado, através de compartilhamento de alicates de unha e aparelhos de barbear, entre outros itens.
De acordo com Silvana Lima, há pesquisas mostrando que a maioria das pessoas que contraiu uma IST alegou que não tinha o costume de usar o preservativo (masculino ou feminino), em todas as relações sexuais. Usavam apenas algumas vezes.
Prevenção combinada – No caso específico do HIV, doença em que o segundo maior número de casos é no Amazonas – só perde para o Rio Grande do Sul –, o Ministério da Saúde (MS) tem estimulado a prevenção combinada, como forma de evitar a contaminação. O MS indica: Tratamento como prevenção (TASP, em inglês, ou TcP, em português) e Profilaxia Pré-exposição (PrEP), ambos combinando o uso da camisinha com a medicação recomendada. Para quem teve relação sexual sem preservativo, a orientação é para o uso da medicação de Profilaxia Pós-exposição (PEP). “Essas estratégias surgem como ferramentas complementares no enfrentamento da epidemia de HIV, ampliando a gama de opções que os indiv& iacute;duos terão para se prevenir contra o vírus”, afirmou.
Para a médica, é importante que as pessoas tenham a clareza que o HIV ainda não tem cura, tampouco vacina. “Embora os tratamentos hoje disponíveis sejam altamente eficazes, fazendo com que o paciente infectado possa conviver por décadas com o vírus, o primordial ainda é a prevenção, é manter-se livre da doença”, acrescentou.
A recomendação, segundo Silvana Lima, é que as pessoas que têm vida sexual ativa, independente da idade, façam os testes de detecção para HIV, Sífilis e Hepatites B e C, anualmente, ou 30 a 90 dias após uma relação sexual de risco. Além disso, diz ela, objetos pessoais, como escova de dentes e aparelho de barbear, não devem ser compartilhados. A médica também coloca como medida importante de prevenção, para os que vão fazer tatuagem ou colocar piercing, procurar locais que adotem as medidas de biossegurança, como uso de materiais descartáveis e devidamente esterilizados.
Números – De acordo com dados do Departamento Nacional de DST/Aids e Hepatite Virais, do Ministério da Saúde, o Amazonas registrou 15.149 casos de Aids, no período de 1986 a agosto de 2016. Destes, Manaus teve 12.179 casos (80,39%), Parintins 265 (1,74%), Tabatinga 248 (1,63%), Itacoatiara 157 (1,04%), Tefé 155 (1,02%) e Manacapuru (0,74%).
MITOS E VERDADES SOBRE O HIV
O sexo oral pode transmitir HIV?
Quem pratica sexo oral sem preservativo entra em contato direto com o sêmen ou secreção vaginal, que podem transmitir o HIV e aumentar a probabilidade de se contrair Sífilis, Hepatites B, HPV, entre outros.
O beijo transmite HIV?
Não existe nenhum caso descrito na literatura científica, em todo o mundo, comprovando que o beijo transmita HIV.
Compartilhar objetos perfuro cortantes (barbeador, tesoura, alicate)?
Objetos perfuro cortantes com presença de sangue contaminado podem transmitir o vírus HIV. E no caso Hepatite B o risco é cinco vezes maior. Por isso, o ideal é que esses tipos de materiais sejam descartáveis ou esterilizados antes do uso, até mesmo por questões de higiene.
Ao sentar no mesmo vaso sanitário que uma pessoa com HIV, é possível pegar o vírus?
As formas de transmissão do HIV, cientificamente comprovadas, são: contato direto com fluidos genitais masculinos e femininos (sexo vaginal, anal ou oral sem camisinha), pelo sangue (transfusão de sangue não testado e pelo compartilhamento de seringas e agulhas contaminadas) e pelo aleitamento materno, quando a mãe vive com o HIV e não faz o tratamento corretamente.
Abraço transmite HIV?
Pelo contrário, o abraço ajuda a pessoa com o HIV a aderir ao tratamento e a sentir-se acolhida e amada. Pode não curar, mas faz uma diferença enorme na vida das pessoas.
Picada de inseto transmite HIV?
A picada de inseto definitivamente não transmite o vírus HIV.
Existe vírus do HIV na saliva?
De acordo com evidências científicas, as principais fontes de transmissão do HIV são o sangue, sêmen, secreção vaginal e o leite materno (no caso da mãe infectada).
Sangue da menstruação transmite HIV?
Todo sangue contaminado com HIV transmite o vírus, por isso não é recomendado manter relações sexuais sem preservativo, mesmo no período menstrual.
Ejaculação na boca pode transmitir HIV?
O esperma é considerado altamente infectante, tanto para o HIV como para outras IST e o contato direto dele com a boca, ânus ou vagina potencializa essa transmissão.