MANAUS – Reportagem do UOL publicada nesta quarta-feira (31) revela que a Polícia Federal ligou três empresários presos em maio deste ano com R$ 1,2 milhão em malas de dinheiro vivo com o deputado federal Adail Pinheiro (Republicanos-AM) e com o pai dele, o prefeito de Coari, Adail Pinheiro (Republicanos).
O caso tramitava na Justiça do Distrito Federal, que o remeteu ao STF (Supremo Tribunal Federal) por envolver um deputado federal. O processo no STF ainda aguarda definição de relator.
De acordo com o UOL, que teve acesso a trechos do inquérito da PF, o deputado, o prefeito e os três empresários são suspeitos de lavagem de dinheiro por participação em esquema envolvendo recursos públicos de emendas parlamentares.
Entenda o caso
Os empresários amazonenses Cesar de Jesus Gloria Albuquerque, Erick Pinto Saraiva e Vagner Santos Moitinho foram presos na noite do dia 20 de maio no Aeroporto Internacional de Brasília com R$ 1,2 milhão em espécie em uma mala.
Os três haviam embarcado em Manaus com destino a Goiânia–GO no voo 3747 da Latam quando foram abordados por agentes da Polícia Federal durante uma fiscalização de rotina.
A mala com o dinheiro chamou atenção no Raio-x por ser em grande quantia. Ao ser aberta, foram encontradas centenas de cédulas de R$ 200.
Segundo a PF, os empresários apresentaram versões contraditórias sobre a origem dos valores e não conseguiram comprovar, com documentos, a legalidade do montante transportado.
Eles alegaram que o dinheiro era fruto de contratos firmados com diferentes prefeituras do Amazonas e que fariam pagamentos e compras em Goiás. No entanto, a investigação inicial apontou diversas inconsistências.
A PF informou que os três são sócios de uma empresa e que já estavam com passagens de volta compradas para esta quarta-feira (21), o que reforçou as suspeitas de lavagem de dinheiro.
No inquérito da PF, os três foram indiciados por lavagem de dinheiro, mas negam a acusação.
Adail Filho
O deputado Adail Filho informou à PF que não tem ligação com os empresários, e que apenas ofereceu o gabinete em Brasília e motorista a Vagner Moitinho por solicitação do filho dele, vereador em Presidente Figueiredo (AM), prática que diz adotar com outros aliados.
O parlamentar tentou barrar o envio do inquérito ao STF. O ministro Alexandre de Moraes, sorteado para analisar o caso, citou decisão da Justiça do DF, que apontou indícios de envolvimento de parlamentar federal, o que justifica o foro privilegiado.
De acordo com o inquérito, há registros de recursos federais destinados a Coari e indícios de desvios de dinheiro de contratos públicos e de emendas parlamentares.
As investigações identificaram contrato da Prefeitura de Coari com a empresa Comercial CJ Comércio de Produtos Alimentícios Ltda, com sede no município de Presidente Figueiredo e que tem como sócio Cesar de Jesus Gloria Albuquerque.
Decisão da 2ª Turma Criminal do TJ-DF menciona elementos obtidos via quebra de sigilo telemático e cita indícios de atuação do deputado Adail Filho e do prefeito Adail Pinheiro em fraudes.
Eles negam envolvimento no caso. Segundo a reportagem do UOL, Adail Filho disse não receber pagamentos dos empresários, e afirmou ter apenas duas empresas registradas em seu nome. Ele rejeita qualquer vínculo comercial com os empresários investigados.
O advogado Fabrício Parente, que defende o empresário Vagner Moitinho e o prefeito Adail Pinheiro, disse que não houve crime no transporte do dinheiro apreendido, e que não há relação do deputado e do prefeito com a apreensão.
Via Amazonas Atual


