O julgamento sobre o caso conhecido como Chacina da Rua Emérita Cabrina, que resultou em uma série de homicídios brutais ocorridos no dia 19 de outubro de 2017, em Manaus, está sendo realizado nesta sexta-feira, 11, pelo Tribunal de Justiça do Amazonas (Tjam).
O caso aconteceu no bairro São Lázaro, em uma residência próxima à “Escadaria do Santa Luzia”. As vítimas, Lucierick Pedrosa de Lima, Lucieverton Pedrosa de Lima e Rafael Coelho de Lima, foram executadas por traficantes locais após acolherem em sua residência um homem conhecido como Biel (Rivaldo Jesiel de Souza Batalha – falecido/assassinado), “ex-funcionário” e devedor dos traficantes.
Um “bonde de traficantes” em dois táxis, com aproximadamente 10 pessoas ao total, invadiram a residência das vítimas e as executaram com vários disparos de arma de fogo, atingindo-os sobretudo na região da cabeça. Em seguida, o bando evadiu-se.
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A chacina foi uma represália pela suposta ‘traição’ à líder do grupo criminoso, que se sentiu afrontada pela hospedagem a um devedor dos traficantes. Além disso, a investigação demonstrou que uma das vítimas era viciada em drogas e estava praticando pequenos roubos e furtos na região onde os traficantes atuavam, o que atraiu a presença da polícia, prejudicando o comércio ilícito de entorpecentes, sendo esse também um dos motivos do crime.
A mandante do crime, a então chefe do grupo criminoso Regina de Azevedo Leal, traficante influente na área, morreu assassinada no ano de 2018, na Rua dos Barés, Centro de Manaus. Curiosamente, o seu filho também foi assassinado no mesmo dia, conforme busca em fontes abertas.
André Amorim Bandeira (apelido: Mariate) responde a outro homicídio praticado no bairro Morro da Liberdade, no ano de 2018, também com características de execução decorrente disputa por pontos de venda de drogas. Ele também foi preso recentemente, em outubro/2023, com mais de 5 mil papelotes de cocaína com símbolos dos jogos GTA e La Casa de Papel.
Esses indivíduos, vinculados ao tráfico de drogas, atuavam e ainda atuam na prática de homicídios e no comércio de entorpecentes na área do Igarapé do 40, no Educandos, Centro, no Morro da Liberdade e no São Lázaro.
Acusação
A acusação sustenta que os réus cometeram os assassinatos em conjunto. As investigações indicaram que o motivo do crime estava relacionado ao controle do tráfico de drogas na região, após tentativa das vítimas de se desvincularem desse meio.
Durante o processo judicial, Bruno Ferreira Moreno (Bruno Gringo) foi identificado como uma das principais lideranças do PCC no Amazonas, mas ele foi assassinado na cidade de São Paulo-SP, antes do julgamento, em outubro/2023. Outros réus também faleceram no curso do processo.
Pano de fundo: a Guerra de Facções no Amazonas, a partir do ano de 2017:
Os homicídios foram praticados no ano de 2017, época em que houve o “racha” da facção FDN. À época, a facção amazonense fora praticamente extinta, tendo os seus membros migrado em grande parte para o Comando Vermelho e outra parte, em menor número, porém significativo, para o PCC.
Posteriormente, alguns dos acusados desse triplo homicídio que será julgado em 11/10/2024 ascenderam em suas facções criminosas, alcançando postos de liderança; outros, foram assassinados.
Acusados e as vítimas tinham todos passagens pela prática de crime
A investigação demonstrou que uma das vítimas era viciada em drogas e estava praticando pequenos roubos e furtos na região, o que atraiu a presença da polícia, prejudicando o comércio ilícito de entorpecentes, sendo esse também um dos motivos do crime.
Principais Envolvidos (acusados/réus):
• André Amorim Bandeira (apelido: Mariati); responde a outro processo de homicídio, praticado no bairro Morro da Liberdade, Zona Sul de Manaus;
• Jorge Santos dos Anjos (apelido: Jorge Cabeça-de-Ovo);
• Carlos Eduardo Benício de Brito (apelidos: Neguinho, Benício);
• Moisés/MIZA: não foi processado por não ter sido identificado.
• Bruno Ferreira Moreno (apelido: Bruno Gringo, Bruno Terror), liderança do PCC e da extinta FDN, assassinado na cidade de São Paulo em setembro/2023. Sua morte foi comemorada com fogos de artíficio na cidade de Manaus.