Por: Chris Reis
São 28 anos dedicados à cultura do Boi-Bumbá de Parintins. Formado em 1996, por torcedores apaixonados pelo Garantido, que resolveram dar uma identidade ao Boi da Baixa de São José, na capital do Estado, o Movimento Amigos do Garantido (MAG), surgiu para hastear, com firmeza, o pavilhão vermelho e branco em Manaus. Atualmente, Claudia Santos é a presidente do MAG, sendo a terceira mulher a dirigir o Movimento, tendo como vice, Ana Lúcia Holanda.
O nome é uma homenagem ao antigo “Amigos do Garantido”, time pioneiro que lutou incansavelmente para vingar a marca Garantido, em Manaus. Com a reorganização e a formação de um novo grupo, contando com alguns remanescentes dos “Amigos do Garantido”, o boi de Lindolfo partiu no ano de 1996 para o Olímpico Clube.
Nascia o Movimento Amigos do Garantido (MAG), cuja formação até hoje é a responsável pelos ensaios oficiais do boi em Manaus.
Contando o início do que seria o MAG, Mencius Melo recorda que em 1994, era diretor administrativo da gestão Jair Mendes, quando aconteceu uma reunião na casa de Roseani Novo, em Manaus. Era a ultima tentativa de unificar os “Amigos do Garantido”, o grupo que primeiro tentou firmar o boi da Baixa em Manaus estava esfacelado por divisões internas.
“Eu era o administrativo do Jair e vim com a difícil missão de unificar, porém, mais da metade do grupo não compareceu a reunião. A missão de manter o curral ficou nas mãos de Edjander Mota e Maurício Filho. Mais uma vez não decolou”, recorda.
No final de 1995, o presidente era José Walmir e outra reunião ocorreu, desta vez em Parintins, na casa do compositor Emerson Maia, então vice-presidente do boi. “Acertamos que Marco Aurélio Medeiros e eu, tentaríamos mais uma vez dar uma cara para o Garantido, em Manaus. Nessa fase já havia espalhado um centena de convites, por iniciativa própria, na capital do Estado. Até o Amazonino Mendes convidei”, lembra completando que em 1995 havia sido aprovado para a Ufam e estava morando em Manaus o que facilitou os contatos e completa que foi com a entrada do presidente José Walmir, que houve a chancela para iniciar o Movimento.
Primeiras reuniões
Segundo Melo, as primeiras reuniões aconteceram na Associação dos Servidores do INCRA (Assincra), cujo presidente era Marco Aurélio Medeiros. Numa delas, foi escolhido o nome que seria dado ao movimento.
“Júlio Viana estava presente e, por sugestão dele, decidimos nominar Movimento Amigos do Garantido. Uma homenagem ao primeiro grupo que tentou hastear a bandeira do Garantido na capital do Amazonas. Então veio o sucesso no Olímpico Clube e o resto da história todo mundo já sabe”, recorda Mencius Melo, um dos fundadores do MAG.
Marco Aurélio Medeiros, ex-presidente do Movimento e um dos percussores também, recorda que numa das festas que eram realizadas na quadra da Aparecida, surgiu o questionamento do por quê não fazer os eventos do Garantido num lugar maior, visto que o contrário dominava Manaus.
“Nessa época, o Mencius Melo freqüentava minha casa e sugeriu, depois de uma festa que poderíamos fazer algo maior,. Participamos então, logo depois, de uma reunião com a diretoria do boi em Parintins e fizemos a proposta ao presidente José Walmir. Ele aprovou e pediu que incluíssemos também David Melo, Felipe Novo e Marcos Cohen”, assinala.
Sugestão aceita, os dois voltaram à Manaus e começaram a fazer convites. “Começamos a convidar pessoas e reunimos na Assincra, com cada um levando amigos. Já nesse encontro definimos que seria na sexta-feira”, explica.
Para surpresa de todos, os apoios surgiam naturalmente. “Ganhamos capa de todos os jornais e um apoio da cerveja Antártica que estava em seu auge. Vendemos no primeiro evento quase quatro mil ingressos. Um número muito bom. Nesse ano, 1996, fizemos 17 eventos, todos batendo recorde de público. Um ano que tivemos Lamento de Raça, Vermelho e o David vindo de Parintins. Mandamos R$150 mil à Associação, valor que ajudou a comprar um dos galpões da Cidade Garantido e no ano seguinte mais R$170 mil que comprou outro espaço”, comemora.
“É um motivo de alegria essa homenagem, pois além da compra dos galpões também contribuímos com a aquisição da cozinha industrial. Fizemos isso com muito amor pelo boi e valeu a pena” , conclui.
Mais histórias
O parintinense Josinaldo Reis recorda que, na época, era componente do Comando Garantido em Parintins, desde os 16 anos, e em 1997 ao vir morar em Manaus, recebeu convite de Mencius para fazer parte do MAG e passou a participar das reuniões.
“O Movimento estava começando, fui às reuniões, assinei a ata de fundação e me tornei um dos sócios fundadores. Trabalhei nos camarotes durante muitos anos. Agora retornei à Parintins, mas continuo me sentindo um membro do MAG e sou, né”, relembrou.
Outro que também reúne histórias é Rivaldo Pereira. Ele lembra que conheceu o artista Amarildo Teixeira quando era diretor da Vitória-Régia. Algum tempo depois, numa reunião em Parintins ele citou meu nome, numa reunião de diretoria quando estavam sugerindo pessoas para um projeto do Garantido em Manaus.
“Mencius Melo foi a minha casa e me convidou para uma reunião no clube da Assincra. Lá soube que a idéia era fundar um movimento para realizar eventos em Manaus. Era o ano de 1996 e essa seria a tentativa com um grupo diferente, já que outros já haviam tentado”, disse.
Pereira explica que procuraram vários locais e optaram pelo Olímpico Clube, que se tornou um marco para o Garantido na capital. Na semana do evento, segundo ele, programaram um coquetel para 150 convidados, entretanto para surpresa geral apareceram mais de mil pessoas e logo, no primeiro ensaio o Olímpico superlotou. “Batemos o recorde de público e já mandamos uma boa quantia em dinheiro à Parintins. Além disso, quebramos a hegemonia do contrário em Manaus e tornamos o Olímpico nossa vitrine” relembra.
Regaste
Em 2016, na gestão de Adelson Albuquerque como presidente do Boi Garantido, enfim uma placa foi colocada no Curral Lindolfo Monteverde (Cidade Garantido), em Parintins, para homenagear e lembrar a contribuição do MAG na compra dos galpões.
“Foi uma grande emoção porque após anos, uma gestão fez justiça ao trabalho instalando a placa e homenageado o Movimento que tanto contribuiu e contribui com nosso Garantido”, recorda Izoney Thomé, presidente do MAG naquele ano.
Livro
A história do nascimento do MAG e seus respectivos personagens consta no livro “Boi-Bumbá Evolução”, no capítulo IV “Conquistando corações e mentes”, do jornalista Allan Rodrigues.