É preciso mais que conhecimento técnico para catalogar um acervo de 2,5 mil espécies de microorganismos e nortear pesquisas científicas em toda a região. Nesse sentido, uma coordenação feminina faz diferença ao se falar de cuidado, exatidão e atenção aos detalhes para estudar materiais que beneficiarão a sociedade em um futuro muito próximo.
A farmacêutica e doutora em Biotecnologia, Ingrid Reis, é uma dessas figuras principais na área de pesquisa no Amazonas. Ela é coordenadora do laboratório de microorganismos do Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA), iniciativa apoiada pela Fundação de Amparo e Pesquisa do Amazonas (Fapeam), do Governo do Estado.
Segundo a pesquisadora, o isolamento dos materiais iniciou em 2005 e atualmente conta com o trabalho de seis profissionais, a maioria mulheres. O local é um patrimônio genético capaz de dar suporte à pesquisa científica, estudos, produção de itens e processos tecnológicos.
“O objetivo do projeto foi catalogar esses microorganismos, organizar em uma coleção, em um sistema de armazenamento eletrônico, para que esse patrimônio genético fique conservado para ser utilizado em pesquisas em andamento e em futuras pesquisas a serem desenvolvidas em benefício da nossa sociedade de uma forma geral”, explicou Ingrid.
Por meio da análise dos materiais, a equipe coordenada por Ingrid observa as potencialidades de cada fungo ou bactéria estudados. São matérias-primas com princípios ativos para composição de antibióticos, antitumorais, enzimas, além de servirem na composição de produtos na área da agricultura como biofertilizantes e biodefensivos.
De acordo com Ingrid, o apoio da Fapeam é essencial para a garantia dos trabalhos e da continuação dos estudos dessa microbiota (grupo de microorganismos de determinado ambiente).
“Esse apoio da Fapeam tem sido primordial para a manutenção desse patrimônio genético e para apoiar as pesquisas que já estão em andamento e futuras pesquisas que possam beneficiar a nossa sociedade. É muito importante, a gente se sente gratificado com esse apoio, que demonstra a importância desse trabalho que tem sido desenvolvido ao longo desses anos”.
Mulher na ciência
De acordo com dados do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), as mulheres constituem 43,7% dos pesquisadores científicos no Brasil; no entanto, menos de 10% dos membros de liderança na Academia Brasileira de Ciências é mulher.
Para a doutora em Biotecnologia, representar essa área de pesquisa como mulher no Amazonas é gratificante. Ela avalia que os avanços nesse ramo têm ocorrido, no entanto, acredita que as mulheres podem ocupar mais vagas em espaços de comando.
“Acho que a mulher já tem alcançado bastante esse espaço, mas acredito que precise ainda mais desse incentivo, desse fomento da pesquisa científica feminina, que as mulheres consigam alcançar patamares maiores nesse segmento, estar à frente de grandes projetos, de grandes instituições científicas. Eu me sinto muito gratificada por estar recebendo esse apoio, esse incentivo, esse reconhecimento como mulher e pesquisadora na ciência no Brasil e no Amazonas”.
FOTOS: Tácio Melo/Secom