A cobertura de mamografias para o rastreamento do câncer de mama no Norte do Brasil foi de apenas 10,1% entre 2021 e 2022, uma redução de 2,3% em comparação com o período de 2015 a 2016. Esses dados foram divulgados pelo Panorama do Câncer de Mama, um levantamento do Observatório de Oncologia, baseado em informações do DATASUS, o Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (SUS). A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que a cobertura mamográfica alcance pelo menos 70% da população-alvo para a realização dos exames – no caso do Brasil, mulheres entre 50 e 69 anos.
A região Norte apresentou os piores indicadores do Brasil em relação à realização de mamografias, com Roraima empatado com o Distrito Federal nas menores coberturas (5%), seguido por Tocantins (6,4%). Os estados com as maiores taxas de realização de mamografias na rede pública da região foram Amapá (20,1%), Acre (11,6%), Rondônia (11,4%), Pará (10,4%) e Amazonas (9%). Segundo a OMS, 35% das mortes por câncer de mama podem ser evitadas se os exames de rastreamento forem realizados regularmente. Além disso, um diagnóstico precoce aumenta as chances de cura para 95%, melhorando a qualidade de vida das pacientes.
Entre 2015 e 2022, o Norte registrou 15.305 novos casos de câncer de mama, apresentando a menor incidência da doença no país durante esse período, com 29,4 novos casos por 100 mil mulheres – um reflexo da baixa cobertura mamográfica na região. Acre, Pará e Roraima tiveram a maior proporção de detecção da doença nos estágios 3 e 4 – os mais graves – totalizando 56% dos diagnósticos entre 2015 e 2021.
No que se refere ao tempo médio entre a consulta e o exame de detecção do câncer de mama, Acre e Amapá destacaram-se com 21 dias, empatados com o Piauí. Por outro lado, o Amazonas teve o terceiro maior tempo médio – 82 dias, mais do que o dobro do previsto pela Lei dos 30 Dias (Lei nº 13.896/2019), que assegura um máximo de 30 dias para o recebimento do diagnóstico de câncer.
Para o início do tratamento do câncer de mama, Rondônia teve o terceiro maior tempo médio: 239 dias, quase quatro vezes mais do que o indicado pela Lei dos 60 Dias (Lei nº 12.732/2012), que garante acesso ao tratamento em até 60 dias após a confirmação da doença por biópsia. Em contrapartida, o Amapá foi o estado brasileiro com o melhor desempenho, com uma média de 79 dias – ainda acima do recomendado pela legislação brasileira.
O Panorama do Câncer de Mama foi construído a partir de um estudo observacional transversal utilizando informações públicas dos Sistemas de Informação Ambulatorial (SIA), Hospitalar (SIH) e Mortalidade (SIM) do DATASUS e de Registros Hospitalares de Câncer (RHC) do Instituto Nacional do Câncer (INCA).