BELÉM (PA) – Sob a liderança do governador Wilson Lima (UB), o Amazonas chega à COP30 com a proposta de apresentar um modelo de transição energética baseado no uso do gás natural e na redução do consumo de diesel, com metas para eliminar a pobreza energética até 2030. O plano busca posicionar o Estado, dono de 13% das reservas brasileiras de gás natural, como referência em energia limpa e desenvolvimento sustentável na Amazônia.
Com reservas comprovadas de 42 bilhões de metros cúbicos — e potencial para alcançar 100 bilhões —, o Amazonas possui volume suficiente para abastecer cerca de 3,7 milhões de residências por mais de 20 anos. A riqueza energética transformou o perfil produtivo do Estado, que passou de exportador de matéria-prima a fornecedor de energia, tecnologia e conhecimento.
Durante o evento, que começa na segunda-feira, 10, em Belém, o governo estadual lançará a Política Estadual de Transição Energética (Peten), que prevê reduzir em 50% o uso de diesel nos sistemas isolados e eliminar a pobreza energética até 2030.
Usina da Eneva no Amazonas (Ricardo Oliveira/CENARIUM)
Gás que move o interior
Um dos pilares desse modelo é o Campo do Azulão, localizado em Silves, a 200 quilômetros de Manaus. Descoberto em 1999 e hoje operado pela empresa Eneva, o projeto é considerado o maior empreendimento de gás em terra em operação no País. De lá, o combustível segue para termelétricas e abastece o Norte, incluindo Roraima, que reduziu em 95% a ocorrência de apagões desde o início do fornecimento.
A produção também movimenta a economia local. Em Silves, a chegada da Eneva trouxe empregos, programas de capacitação e aumento de receita pública. Os royalties municipais somam cerca de R$ 2 milhões por ano, aplicados em saúde, educação e infraestrutura.
“O gás natural é hoje o combustível que está transformando a economia do nosso Estado. Ele gera oportunidades no interior, fortalece a nossa matriz energética e ajuda o Norte a crescer com responsabilidade ambiental”, disse o governador Wilson Lima.
Formação e impacto social
A expansão do setor também impulsionou a formação técnica. O Centro de Educação Tecnológica do Amazonas (Cetam) formou 81 alunos em cursos voltados para sistemas a gás, eletromecânica e agropecuária, com bolsas custeadas pela empresa operadora. Desses, 27 foram contratados imediatamente.
Mulheres da região também têm sido beneficiadas com o programa Elas Empreendedoras, que oferece capacitação em áreas como alimentação, costura e artesanato, estimulando o empreendedorismo e a autonomia financeira.
Estudantes do Centro de Educação Tecnológica do Amazonas (Cetam) em Silves (Reprodução/Eneva)
“A energia que nasce no interior, em Silves, hoje move turbinas, indústrias e vidas. O Estado, que antes exportava matéria-prima, agora exporta energia e conhecimento”, afirma Marcellus Campêlo, segundo vice-presidente estadual do União Brasil.
Desafios e perspectivas
O Amazonas pretende usar a visibilidade da COP30 para defender uma transição energética que considere as particularidades da Amazônia e das populações que vivem fora do sistema interligado nacional.
“A transição energética precisa respeitar as realidades regionais. O gás é a ponte que liga o nosso presente a um futuro de energia mais limpa, sem abrir mão do desenvolvimento social”, avalia Sérgio Litaiff, terceiro vice-presidente estadual do União Brasil.
Amazonas é dono de 13% das reservas brasileiras de gás natural (Reprodução/Redes Sociais)
Com metas ambiciosas e foco em inovação, o Estado busca projetar-se como laboratório de políticas de energia sustentável na Amazônia — um caminho que tenta equilibrar o uso dos recursos naturais com inclusão social e responsabilidade ambiental.
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