Bruno Pacheco – Da Redação Amazônia
A capital mais populosa do Norte e a 7ª de todo o País, Manaus registrou 1,5 vítima fatal a cada dois dias no primeiro semestre de 2023, em decorrência de acidente de trânsito. Entre janeiro e o último dia 27 de junho deste ano, foram 119 mortes, com mais casos nas zonas Norte (30,43%) e Leste (27.87%) da cidade. Os números são da Prefeitura de Manaus, por meio do Instituto Municipal de Mobilidade Urbana (IMMU).
A cidade que, segundo o Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), chegou a 2.063.547 de habitantes em 2022, manteve a mesma quantidade de acidentes fatais no trânsito em comparação aos primeiros seis meses do ano passado, quando 120 pessoas morreram. Em contrapartida, o total de mortes de 2023 foi maior ao de 2021 que, em plena pandemia, teve 112 vítimas letais.
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Para o engenheiro especialista em Transporte e Trânsito e ex-presidente do IMMU, Manoel Paiva, o excesso de velocidade e o desrespeito às normas de circulação são as principais causas dos acidentes. “Quando ocorre o desrespeito às normas de circulação e conduta, que juntamente com o excesso de velocidade e a ingestão de bebida alcoólica são os maiores fatores de risco de morte identificados nos sinistros de trânsito, é necessário intervir para evitar consequências graves”, afirma.

“No Brasil, a cada sete minutos, uma pessoa é vítima de um acidente de trânsito. Isso, por dia, resulta em cerca de 80 pessoas mortas. Somos o terceiro país com os piores números nesse quesito, atrás apenas da Nigéria, Índia e China, o que configura como a oitava principal causa de mortes no país, com o equivalente a cerca de 1,35 milhão de vítimas por ano”, pontuou Manoel Paiva.
Fatores
Ao Redação Amazônia, Paiva cita que, a partir de 2021, o aumento do número de acidentes com vítimas foi ocasionado, principalmente, por sete fatores. Entre eles, estão o aumento da frota de veículos em circulação pós pandemia e a diminuição de usuários na utilização do transporte coletivo, além do maior número de motocicletas na cidade, que corresponde a 30% da frota em Manaus.
O especialista cita ainda a “elevação dos congestionamentos na cidade; aumento da utilização do transporte individual (65,0% da frota); excesso de velocidade; e ingestão de bebida alcoólica”. Como consequência da impunidade no trânsito, salienta Manoel Paiva, há maior mortalidade em acidentes.
Trânsito
De acordo com o IBGE, a frota de veículos em Manaus chegou a 856 mil em 2022, sendo a maioria composta por carro (421 mil) e moto (228 mil). Os números se baseiam em dados do Ministério da Infraestrutura e a Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran). Na capital amazonense, os dois veículos são os principais responsáveis pelos acidentes nas ruas e avenidas da cidade.
De janeiro a abril de 2023, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu 192), gerenciado pela Prefeitura de Manaus, informou que 4.301 ocorrências foram registradas na cidade, a maioria por colisão entre carro e moto e queda de moto.
Para o atendimento das vítimas, o Samu Manaus conta com oito “motolâncias” (motocicletas equipadas com kits de primeiros socorros) para dar agilidade no atendimento às vítimas. Com a agilidade das motos, os profissionais da saúde conseguem trafegar com mais facilidade em meio ao trânsito da Metrópole, que acaba sendo ocasionado pelo próprio acidente.
Casos
A maioria dos acidentes de trânsito com vítima fatal acontece, em Manaus, por conta da imprudência ou até mesmo, falta de atenção de motoristas e motociclistas. Um caso recente foi de uma uma mulher, em 5 de junho deste ano, que foi a óbito após ter a cabeça esmagada por um ônibus do transporte público, na Avenida Djalma Batista, zona Centro-sSul da capital.
A vítima estava como passageira em uma corrida feita por aplicativo de moto. Durante o trajeto, a mulher se desequilibrou, após o ônibus encostar na motocicleta, e caiu na avenida movimentada, quando foi atropelada.
Em 17 de janeiro deste ano, um homem de 26 anos morreu após o carro que ele dirigia atingir a coluna de uma passarela na Avenida Torquato Tapajós, na capital amazonense. O episódio repercutiu em Manaus e no Amazonas, porque o veículo que a vítima conduzia pertence ao cantor Wanderley Andrade.
Ranking
De acordo com um levantamento apresentado em maio deste ano no Ranking de Competitividade dos Municípios 2023, o Amazonas ocupa a sexta posição dos estados da região Norte com mais casos de mortalidade por acidente de trânsito, com índice de 9,44%. O Norte do Brasil é formado por sete Estados: o Amazonas (AM), Pará (PA), Acre (AC), Roraima (RR), Rondônia (RO), Amapá (AP) e Tocantins (TO).
Segundo a pesquisa, realizada pelo Centro de Liderança Pública (CLP), no Norte do País, o líder do ranking é o Tocantins, com índice de 30,8%. O Amazonas só está na frente do Estado do Amapá, que apresenta o menor índice de todo território nacional, com 8,01.
Combate
O engenheiro de trânsito Manoel Paiva frisa alguns pontos ao Redação Amazônia, como sugestões para diminuir os acidentes de trânsito na capital amazonense. Entre as principais medidas, estão o uso maior de tecnologia, o planejamento, a fiscalização e programas educacionais. O especialista indica ainda ser preciso melhorar a malha viária e priorizar o pedestre.
“Adoção de tecnologia para controle do trânsito: Com tecnologia apropriada com Radares de Velocidade, barreiras eletrônicas e semáforos inteligentes que fazem o mesmo papel dos agentes de trânsito além de coletar dados para melhorar o trânsito de veículos e aumentar a segurança dos pedestres e condutores”, começa Manoel Paiva.
O engenheiro afirma ainda ser preciso “planejar, operar e fiscalizar o Trânsito: usar universidades para formular projetos de circulação, tornar os agentes de trânsito em operadores do sistema viário e implantar o trânsito comunitário”.
Cita ainda a necessidade de “implantar projetos de intervenções viárias e sinalização: nos bairros periféricos, em polos geradores de tráfego e pontos negros de acidentes; planejamento, educação, operação e fiscalização: no transporte de cargas e abastecimento da cidade e PIM; programa de educação, formação de condutores, requalificação e treinamento”.
Operações
Para combater irregularidades e prevenir acidentes no trânsito, o IMMU destacou ao Redação Amazônia que tem coordenado operações e abrangendo o monitoramento, a fiscalização e a aplicação de penalidades no primeiro semestre de 2023.
“Entre as diversas ações de fiscalização executadas pela diretoria de operações do IMMU, algumas operações merecem destaque pelo trabalho constante e essencial que realizam nas vias da cidade. Entre elas, a operação Carga Pesada que é uma iniciativa focada na fiscalização de veículos de carga que circulam pela cidade”, salienta o IMMU, em nota.
O órgão destaca ainda a ação de fiscalização desempenhada na ‘Operação Sucata’, que tem como principal objetivo identificar e remover veículos abandonados ou em estado de sucateamento das vias públicas.
“O IMMU está empenhado em fazer do trânsito um espaço mais seguro e ordenado para todos. Cada operação, fiscalização e multas aplicadas têm o objetivo maior de educar os condutores, garantir o cumprimento das leis e reduzir a incidência de acidentes”, concluiu.