Em coletiva de imprensa nesta segunda-feira (8), o prefeito de Manaus, David Almeida, revelou que foram gastos R$ 35 milhões no ‘Passo a Paço 2025’, sendo R$ 9 milhões provenientes de patrocinadores. Assim, restaram R$ 26 milhões investidos pela gestão municipal no evento. A reportagem é do portal D24am.
Com base nesse valor, o Grupo Diário de Comunicação (GDC) entrevistou o engenheiro civil Micael Pereira, que afirmou categoricamente que os R$ 26 milhões aplicados pela Prefeitura poderiam ser usados para construir dez creches com capacidade para cerca de 200 crianças cada.
“Com esse valor é possível construir até dez creches que atendam até 200 crianças nas áreas suburbanas de Manaus, incluindo a aquisição de terreno. Esses cálculos são baseados nas tabelas do Sinapi com o custo por metro quadrado construído”, enfatizou o engenheiro. O prifissionalo se refere ao Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil, que é a principal fonte de referência brasileira de custos para obras e serviços de engenharia. É mantido por parceria entre a Caixa Econômica Federal e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e atualizado mensalmente.
Um estudo publicado em agosto de 2025 pela Organização Não Governamental (ONG) ‘Todos Pela Educação’ aponta que Manaus tem cerca de 135 mil crianças de 0 a 3 anos e que 24,2 mil delas estão sem acesso a creche.

Vale lembrar que, em 2024, o prefeito David Almeida se envolveu em uma polêmica relacionada à falta de transparência e à violação de princípios legais nos critérios de preenchimento das vagas em creches da capital. Na ocasião, pais e famílias de baixa renda entraram na Justiça contra a Prefeitura para cobrar o direito às vagas, com initermediação da Defensoria Pública do Estado (DPE).
Na capital amazonense, a Prefeitura chegou a disponibilizar, por meio de sorteio, mais de 2 mil vagas. No entanto, segundo a Defensoria, é possível que parte dessas vagas tenha sido direcionada a pessoas que não necessitavam do benefício.
A fala do prefeito sobre os gastos do evento ocorreu após o requerimento do vereador Rodrigo Guedes (Podemos), que solicitava a prestação de contas do festival cultural ter sido derrubado na Câmara Municipal de Manaus (CMM).
No documento, o vereador pedia uma planilha detalhada com os gastos de cada artista.
“Até agora existe essa caixa-preta do Sou Manaus, como ocorreu em outras edições. Até hoje a gente não sabe quanto o David Guetta recebeu no Sou Manaus 2023. Agora queremos saber quanto custaram Gusttavo Lima, Simone Mendes — quanto ela recebeu para colocar a bandeira do Pará — e Ivete Sangalo, que cobrou do prefeito a valorização dos artistas locais. Queremos uma planilha detalhada dos custos. Nenhuma despesa da administração pública é feita sem planejamento, sem estar registrada no papel. Isso é uma regra básica do direito administrativo. Todos os gastos já foram orçados antes do evento, não depois. Estou apenas pedindo o que é direito da população”, ressaltou o vereador.
Além do valor, o ‘Passo a Paço’ foi alvo de outras polêmicas neste ano, como superlotação, preços abusivos cobrados por flanelinhas e relatos de danos morais.