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    Home»Amazonas»Vírus Oropouche: variante identificada em Tefé se espalha pelo país após crise ambiental no Sul do Amazonas
    Oropouche
    Nova linhagem do Oropouche se espalha pelo Brasil em 2025; especialistas destacam fatores ambientais e sociais na propagação da doença. (Crédito: Michell Mello/ Fiocruz Amazônia Revista)
    Amazonas

    Vírus Oropouche: variante identificada em Tefé se espalha pelo país após crise ambiental no Sul do Amazonas

    31 de julho de 2025
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    POR: MICHELLE PORTELA E KLEITON RENZO, DO RDA

    O avanço da febre do Oropouche em diferentes regiões do Brasil despertou a atenção de autoridades e pesquisadores em 2025. A identificação de uma nova linhagem do vírus, com origem identificada no município de Tefé, no Amazonas, revelou uma dinâmica complexa de transmissão que combina fatores ambientais, sociais e imunológicos.

    @kleiton.renzo

    O Brasil enfrenta um avanço inédito da febre do Oropouche, doença transmitida principalmente pelo maruim (Culicoides paraensis), um inseto comum em áreas tropicais. A partir de uma linhagem viral identificada originalmente em Tefé, no Amazonas, o vírus se espalhou para várias regiões do país desde 2024, com registros de transmissão sustentada no Sudeste e Nordeste.

    Embora tradicionalmente endêmico na Amazônia, o Oropouche agora preocupa por sua expansão em áreas urbanas, onde encontrou populações sem imunidade prévia e condições ecológicas favoráveis à transmissão, com significativo aumento do número de casos e, inclusive, registro de letalidade em 2025. Especialistas alertam que fatores como mudanças climáticas, desmatamento e mobilidade humana contribuíram para esse cenário.
    Para entender a origem, o comportamento e os riscos associados ao surto atual da doença, conversamos com Felipe Naveca, virologista e pesquisador em Saúde Pública da Fiocruz. Naveca coordena o Núcleo de Vigilância de Vírus Emergentes, Reemergentes ou Negligenciados da Fiocruz Amazônia e é chefe do Laboratório de Arbovírus e Vírus Hemorrágicos do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz).

    Na entrevista, o pesquisador detalha as descobertas sobre a variante OROV BR-2015-2024, discute a resiliência imunológica da população amazônica e alerta para os desafios que o vírus representa nas demais regiões do país.

    1. A linhagem viral que desencadeou o surto nacional a partir de 2024 é de fato uma nova variante do vírus Oropouche identificada inicialmente no Amazonas?
    A atual linhagem do vírus Oropouche se espalhou primeiro pela região Norte e depois para as demais regiões do Brasil, é uma linhagem que nós identificamos oriunda da região de Tefé (AM). A mostra mais antiga que nós conseguimos mapear de 2015, mas com as análises que nós fizemos, ela mostra que ela surgiu entre 2010 e 2014, e aí depois foi circulando no Amazonas até se espalhar por todo o país.

    2. Quais evidências científicas sustentam a origem amazônica da variante OROV BR‑2015‑2024?
    Nós analisamos quase quatrocentos genomas do vírus Oropouche, isolados de diferentes municípios, de pacientes de diferentes municípios da região norte e através da análise desse genoma a gente chega à conclusão de que a origem do surto é a região de Tefé, como eu falei anteriormente entre 2010 e 2014 e a partir de Tefé, se espalhou por todo o estado do Amazonas e também atingindo outros estados da Região Norte, antes de se espalhar pro resto do Brasil.

    3. Como se deu o processo que originou essa nova linhagem e quais são as principais diferenças entre essa nova linhagem e as cepas anteriores do vírus Oropouche? 4. Há evidências de maior capacidade de transmissão ou escape imunológico da nova variante?
    O vírus Oropouche é um vírus que tem o genoma segmentado. Vírus que têm o genoma segmentado podem evoluir além das mutações pontuais que ocorrem, por exemplo, com o vírus da Covid-19, com o vírus da dengue, também num processo chamado rearranjo, onde dois vírus diferentes podem infectar a mesma célula e você tem uma troca de segmentos genômicos e pode surgir um terceiro vírus que não é nem o primeiro, nem o número um, nem o número dois, e sim uma combinação entre eles. Então, isso nós conseguimos mapear com as sequências que estão disponíveis na literatura, que pelo menos três eventos como esses ocorreram até o surgimento da linhagem em 2015, a partir de 2015, que causou o surto atual. Com relação a maior capacidade de transmissão ou escape imunológico, isso daí é muito controverso até o momento. Tem trabalhos publicados mostrando que sim, tem trabalhos mostrando que não, então ainda é uma situação muito controversa, mas não parece que esse tenha sido o caso mais importante. O mais importante é que a gente tem uma conjunção de fatores, entre eles há uma área onde esse vírus circulou e foi um hotspot para o espalhamento do vírus, é uma região que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) chama de Amacro, que é o sul do Amazonas, o norte de Rondônia, e também um trecho do Acre. É uma região que passou por forte desmatamento nos últimos anos e também alterações do fenômeno El Niño, que alteraram o regime de chuvas nessa região. Então, tudo isso contribuiu ao mesmo tempo de uma linhagem também mais recente, com o espalhamento do vírus, mas a gente não tem hoje uma certeza se esse vírus tem maior capacidade de transmissão ou etc, porque temos resultados contraditórios de diferentes grupos de pesquisa na literatura.

    4. Essa variante apresenta potencial de causar casos mais graves ou atípicos? Embora não registrado em 2025, ainda poderá ocorrer surto na Amazônia do novo vírus?
    Então, a gente tem, pela primeira vez, a confirmação da transmissão vertical da mãe infectada com o feto, apesar de ter relatos na literatura, no passado, na década de 80, que gestantes infectadas na época sofreram aborto. Em relação àquela época, isso não avançou muito nesses relatos. Também tivemos, pela primeira vez, óbitos confirmados, mas a gente tem que tomar cuidado ao fazer associação com a linhagem atual, porque mesmo assim teve um número pequeno de óbitos. Precisamos lembrar que, também, cada pessoa responde de uma maneira para uma transmissão viral. Nem todo mundo vai fazer uma forma grave da doença, então, a gente não tem evidência nenhuma de que essa linhagem causa formas mais graves ou atípicas. O que acontece é que quando você tem milhares de casos, esses casos vão aparecer, assim como acontece com a dengue e com a chikungunya.
    Em relação a um surto do novo vírus, sempre haverá risco, não significa nem uma reentrada, mas esse vírus circula também entre outros animais reservatórios como bichos preguiças, macacos e outros mamíferos. Então, o ciclo vai continuar acontecendo nas áreas na Amazônia, independente dos casos humanos. Se a gente vai ter um surto nos próximos meses, isso é uma pergunta ainda difícil de responder. De novo, nesse momento a gente está fora do período que seria mais sazonal para isso. E também vai depender da questão de quantas pessoas foram infectadas e se o vírus chegar a regiões onde não circulou anteriormente. Pelo menos essa linhagem! Aí, a gente pode ter sim um aumento de casos, mas neste momento é um pouco difícil prever. E se tiver, vai ser mais para o final do ano, na época de chuvas.

    5. Por que a epidemia perdeu força no Amazonas em 2025, apesar de o estado ter sido o ponto de origem da nova linhagem? Há fatores ambientais ou sociais contribuíram para que o vírus se espalhasse com mais intensidade em estados do Sudeste e Nordeste?
    Há períodos de maior transmissão dos vírus, dos arbovírus. Em um estudo próprio que nós publicamos ano passado, nós mostramos que [a incidência] aumenta na região Norte no período de maior chuva. Então, como a gente não está vivendo agora um período de chuvas, a gente está justamente na situação de maior calor agora, é naturalmente esperado que haja um número de casos reduzido. Além disso, existe um efeito de esgotamento de suscetíveis. Esse vírus provoca um número muito grande de casos quando ele chega numa determinada região e você vai esgotando as pessoas suscetíveis, porque elas vão desenvolver resposta imune contra aquele vírus. Então, é natural que a gente tenha uma queda de casos ao longo dos ciclos e pode ser que a gente tenha de novo um aumento quando o vírus chegar numa região que tiver menos pessoas expostas anteriormente e fatores ambientais que favoreçam o aumento dos casos. No caso do espalhamento para o Sul e Sudeste, a gente viu que isso está ligado a pessoas que vieram infectadas da região Norte, porém, o mais importante é que o vírus encontrou um nicho ecológico que sustentava, ou seja, a presença do vetor, que é o maruim ou mosquito pólvora (Culicoides paraensis), que manteve a transmissão nesses estados, não só os casos que foram importados, mas sim cadeias de transmissão no Sul, no Sudeste e no Nordeste do país.

    6. É possível que a população amazônica tenha algum grau de imunidade prévia à nova variante?
    Certamente, sim. O vírus circula na região norte do Brasil desde a década de 60. Então a gente tem uma grande parcela da população que já teve contato com o vírus, mesmo que tenha sido uma linhagem diferente. Algum grau de resposta imune a gente vai ter. É diferente de uma população que nunca teve contato, que a gente chama de uma população naíve ou virgem do contato desse vírus – em exposição prévia a determinado agente infeccioso, e portanto sem imunidade específica contra ele. Então, mesmo que seja uma linhagem diferente, essa resposta quando você nunca teve contato vai ser diferente do que alguém que já foi exposto a um vírus semelhante em algum momento da sua vida.

    7. Há risco de reentrada ou novos surtos no Amazonas nos próximos meses? 10. O vírus pode estabelecer um ciclo urbano mais persistente em regiões metropolitanas? Há riscos de endemização? O que fazer como prevenção?
    Esse já é um vírus endêmico da região Norte. Como eu comentei, ele já circula na região Norte desde a década de 60. Então, é um vírus endêmico para a região Norte, a gente está vendo esse processo agora de ser endêmico em outras regiões, como, por exemplo, Rio de Janeiro e Espírito Santo, ele já está há duas temporadas circulando. E não foram novas reintroduções, o vírus se estabeleceu tanto no Espírito Santo quanto no Rio de Janeiro. A prevenção, atualmente, ainda são medidas pessoais, como utilização de repelente e roupas de manga comprida, calça comprida, em áreas que você tem a presença do maruim. Apesar de que, como é um vetor que a gente conhece muito menos do que o Aedes aegypti, ainda tem muito o que a gente aprender nessa resposta, mas o que temos hoje ainda são medidas individuais.

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