Geddel Vieira Lima, Ministro da Secretaria Geral de Governo, comprou o vigésimo terceiro andar do edifício “La Vue”, que foi embargado posteriormente pelo Iphan Nacional. Ficou aborrecido, pressionou o então Ministro da Cultura, Marcelo Calero, a quem o Iphan se subordinava. Ameaçou, gritou, mesmo que isso seja um crime tipificado na lei brasileira como advocacia administrativa, concussão e tráfego de influência. Disse que iria procurar o Presidente Temer – e pelo visto o fez. Temer tocou duas vezes no assunto com Calero. Mas o titular da pasta da Cultura entregou o cargo e o jogo.
“O presidente Michel Temer conversou duas vezes com o então titular da Cultura para solucionar impasse na sua equipe e evitar conflitos entre seus ministros de Estado”, declarou em pronunciamento oficial o porta-voz da Presidência da República, Alexandre Parola.
Uma sinceridade brutalista, para usar um termo arquitetônico. Havia impasse? Que impasse? O desejo de Geddel, não satisfeito? O absurdo é tão evidente que Geddel – criado em Brasília, filho de político, e com uma excelente relação com o Congresso – pediu demissão, a despeito da blindagem desenvolvida a seu favor.
O episódio serve para trazer à tona o quanto estamos à mercê das autoridades – nas cidades nada é por acaso, mas passa pelos desejos delas, muito mais que pela lei. Mas Calero parece ter gravado as conversas com Temer, Geddel e Eliseu Padilha. Gravado e entregue à Polícia Federal. E a coisa promete render. Tá ficando animado! Já quero criar uma nova hashtag: #VoltaCalero. Hahahaha. #Pensa
Orlando Câmara é jornalista e apaixonado pelo Amazonas e sua cultura.