POR KLEITON RENZO – DO RDA
Recém-inocentado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) em ação motivada por declarações polêmicas contra Marina Silva, o senador Plínio Valério (PSDB-AM) ainda enfrenta os efeitos da visibilidade negativa gerada pelo episódio, que desgastou sua imagem e reduziu seu espaço político. Apesar disso, a visita do presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, ao Amazonas mostrou que sua reeleição continua sendo prioridade para a cúpula tucana.
Em encontros com lideranças locais e agendas reservadas, Perillo reforçou o compromisso do partido em manter a cadeira no Senado, mesmo diante das críticas à atuação legislativa de Plínio. Desde o início do mandato, o senador se concentra em pautas ambientais e regionais, mas não alcançou o mesmo protagonismo de colegas como Eduardo Braga (MDB) e Omar Aziz (PSD), que têm se destacado pela articulação política e captação de recursos para o estado.
Levantamentos do Senado indicam que, no último ano, Plínio Valério foi o senador que mais ocupou o tempo de fala no Plenário da Casa Alta, em relação aos demais senadores do Amazonas, estado mais preservado da região, que observa a execução da 30.ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP30, no estado vizinho, o Pará. Contudo, alcançou massiva publicidade negativa com falas denunciadas como violência de gênero, que poderia ter um impedimento para uma nova candidatura.
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A preocupação foi expressada pelo presidente nacional do PSDB, na última sexta-feira (8), em reunião, em Manaus, capital do Amazonas. “A minha preocupação aqui é com o fortalecimento e a reeleição do senador Plínio; essa é a prioridade. A outra prioridade é a reeleição do senador Styvenson Valentim, e acho que os dois estão bem encaminhados. Uma vez garantindo isso, a gente precisa eleger mais um”, afirmou o presidente.
Levantamentos do Senado indicam que, no último ano, Plínio Valério foi o senador que mais ocupou o tempo de fala no Plenário da Casa Alta, em relação aos demais senadores do Amazonas, estado mais preservado da região, que observa a execução da 30.ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP30, no estado vizinho, o Pará. Contudo, alcançou massiva publicidade negativa com falas denunciadas como violência de gênero.
O arquivamento do caso pela PGR, fundamentado no entendimento de que as declarações de Plínio não configuram crime de ameaça ou violência política de gênero, foi um alívio jurídico para o senador, mas não apagou o impacto negativo da polêmica. A fala que causou a denúncia, em que Plínio disse que pensou em “enforcar” Marina Silva durante uma CPI, foi interpretada por adversários como incitação à violência política e misoginia, o que gerou ampla repercussão. Para ele, uma distorção do discurso.
Em nota, o senador já havia atribuído a repercussão do discurso a interesses políticos regionais, uma vez que disputa votos “verdes”, sem ser o candidato da ministra do Meio Ambiente. “Para minha surpresa, esse incidente ganhou dimensão, ao ser discutido inclusive no plenário do Senado Federal, creio eu que a partir de uma disputa eleitoral regional. Passei a ser chamado até de misógino e machista. Minha vida pessoal e minha trajetória política desmentem esses adjetivos”, explicou.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, explicou, na decisão da PGR, que não haviam elementos que justificassem o prosseguimento da investigação, uma vez que a fala de “aparente cunho ameaçador” foi proferida fora do âmbito da CPI das ONG’s, onde houve embate entre a ministra e o senador. A fala foi registrada em vídeo durante evento, quando o senador disse que tinha vontade de enforcar a ministra após mais de seis horas de depoimento. Assim, não ocorrendo em crime de constrangimento ilegal nem interferência no comportamento da ministra.
“As declarações foram proferidas após a sessão da CPI das ONGs e em local diverso do evento. A ministra Marina não foi obrigada a manter nenhum comportamento indesejado ou contrário à sua vontade”, destacou Gonet, na decisão.
O cenário é de pressão para Plínio Valério, porém, para o PSDB, a aposta na candidatura de Plínio é estratégica: manter influência no Norte, região onde o partido enfrenta dificuldades de expansão. A incógnita é se, até 2026, o senador conseguirá reverter a imagem de mandato sem direção e recuperar protagonismo, especialmente após o desgaste político do episódio com Marina Silva.
O desafio de Plínio, agora, é não apenas se afastar das sombras da polêmica, mas também reforçar sua atuação parlamentar para reconquistar a confiança do eleitorado e dos pares políticos, mostrando capacidade de liderança e efetividade em pautas prioritárias para o Amazonas e a Amazônia.