Um corredor de fumaça que se origina de queimadas na Bolívia, o Centro-Oeste do Brasil e a região amazônica alcança o Centro da Argentina, o Uruguai e o Rio Grande do Sul. As imagens de satélite mostram e confirmam que o corredor de fumaça alcançou o território do estado e sua origem é a região transnacional da Amazônia.
NOAA/NASA
Observa-se com clareza o corredor que tem origem na região amazônica e Bolívia, avança pelo interior do continente rumo ao Sul e alcança o Rio Grande do Sul e a região do Prata, onde o corredor se recurva para Leste na área da província de Buenos Aires.
De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, o bioma amazônico registrou apenas no primeiro dia de agosto 625 focos de calor. Já no Pantanal foram 241 focos de calor em somente um dia. A Amazônia teve o pior julho de queimadas em duas décadas.
Desde 2005, o sétimo mês do ano não registrava tanto fogo no bioma. Foram 11434 focos de calor identificados por satélites, o mais alto número para julho desde os 1934 focos em 2005. Foi a primeira vez desde 2005 que julho terminou com mais de 10 mil focos de calor na Amazônia.
O número de focos de calor no bioma amazônico em julho de 11434 ficou muito acima da média histórica mensal de 6164. Em comparação, no ano passado julho se encerrou no bioma com 5772 focos, conforme os dados de monitoramento por satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. A explicação para o elevado número de queimadas no bioma no último mês passa pelo estado do Amazonas.
Os números do Inpe mostram que o Amazonas registrou em julho 4241 focos de calor, o mais alto número da série histórica do sétimo mês do ano, superando o recorde até então de julho de 2020 de 2119 focos de calor. A média histórica de focos de calor de julho no estado do Amazonas é de 757. Assim, o último mês anotou 560% da média histórica de queimadas.
No Amazonas, todos os recordes mensais de fogo de março a outubro se deram entre 2019 e 2024 à medida que o Sul do estado é uma nova fronteira agrícola com desmatamento crescente e fogo.
Já o Pantanal, depois do mês de junho recorde de queimadas, enfrentou mais um mês com muito mais fogo do que a média em julho. O mês terminou com 1218 focos de calor, muito acima da média histórica de 441. Em toda a série histórica, somente houve dois meses de julho com números piores: 2005 com 1259 focos de calor e 2020 com 1684.
A chegada da fumaça com presença de material particulado na atmosfera fez com que no fim da tarde da quinta-feira já se observasse o pôr do sol com cores mais vibrantes pela presença da fumaça na atmosfera. A tendência é que a fumaça siga sobre o Rio Grande do Sul neste fim de semana com maior concentração sobre o território gaúcho neste sábado, quando a corrente de jato em baixos níveis que traz a fumaça estará atuando com grande intensidade sobre o estado.
Este jato de baixos níveis é um corredor de vento a cerca de 1.500 metros de altitude que se origina na Bolívia e vem até as latitudes médias da América do Sul com ar quente e seco. Por isso, além da fumaça o Rio Grande do Sul terá um sábado de forte a intenso calor com rajadas de vento de Norte.