Pesquisadores do Brasil, Austrália e Espanha reuniram-se na semana passada para traçar os primeiros passos do projeto Providence, um sistema de monitoramento revolucionário criado para rastrear espécies da biodiversidade da selva amazônica por meio de imagem, som e transmissão remota de dados.
O Instituto de Computação da Universidade Federal do Amazonas (IComp/UFAM) faz parte da equipe de cientistas, que conta com pesquisadores da Universidade Técnica da Catalunha, Espanha e CSIRO Data61, Austrália. O projeto é coordenado pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, em Tefé, e terá aproximadamente US$ 1,5 milhões para realizar a primeira fase dessa pesquisa, por meio da Fundação Gordon e Betty Moore, um organismo filantrópico de financiamento de capital de risco estabelecido por Gordon Moore – o fundador da Intel.
O professor Reginaldo Carvalho, do IComp/UFAM, disse que o Providence oferece uma oportunidade única de aplicar tecnologias de ponta para promover a conservação da floresta amazônica. “Estamos muito animados em fazer parte desta equipe para construir uma solução para monitoramento em tempo real que ajudará a entender o impacto do desmatamento e das alterações climáticas. O Providence é um projeto inovador que contribuirá para preservar o planeta para as futuras gerações”, afirmou.
“Nele, o ICOMP vai contribuir com métodos de identificação automática de espécies por visão computacional e aprendizado de máquina”, acrescentou
Emiliano Ramalho, pesquisador e coordenador de monitoramento do Instituto Mamirauá no Brasil, além do líder geral do Projeto Providence, disse que a área de estudo inicial do Providence está localizada no extremo sul da Reserva Mamirauá, entre os rios Amazonas e Japurá.
Uma das principais preocupações dos cientistas de todo o mundo é a extinção acelerada de espécies. “Ter uma avaliação adequada da biodiversidade de uma área como a Amazônia é essencial porque pode nos informar sobre o impacto das atividades humanas neste importante ecossistema. O Projeto Providence irá utilizar sensores acústicos e câmeras para identificar diversas espécies de animais da região Amazônica, e um sistema sofisticado de comunicação para enviar estas informações de forma remota. Entre os animais que serão foco da primeira etapa do projeto estão espécies carismáticas e ameaçadas como a onça-pintada, o macaco uacari, o peixe-boi, o boto cor de rosa, o jacaré-açu e o mutum”, disse Emiliano Ramalho.
Fases
Na primeira fase da Providence serão testados dez dispositivos de monitoramento na Amazônia para criar uma rede sem fio de sensores. Na fase dois serão usados cem sensores e na terceira fase serão instalados até 1 mil dispositivos no meio da floresta.